A semana foi passando e eu pensando. Como eu iria dizer? Que palavras iria usar? Ensaiei a conversa em minha mente dezenas de vezes. E imaginei todas as possibilidades de resposta.

"— Babi, eu tou gostando de você.

— Tá doido? Somos só colegas de RPG! Se liga!"

Irreal demais, ela não vai me tratar assim tão mal.

"— Podemos conversar, Babi?

— Claro, Max.

— Então, eu tou gostando de você.

— Sério? Que bom, Max. Porque eu te amo desde o instante em que te conheci. Casa comigo?"

Irreal demais, não vai acontecer algo assim.

"— Babi, desde a festa da sexta passada eu tou afim de você. O que você sente em relação a isso? Quer namorar comigo?

— Ah, Max, não vai dar. Na verdade, eu já tenho namorado."

Argh, será?

"— Quando nossos olhares se cruzaram, foi como se um novo big bang tivesse ocorrido em meu coração, desencadeando um processo infinito e quântico de expansão das minhas emoções.

— Hein?"

Nerd demais.

"— Nem a luz do sol, ou o azul do mar, ou a força do vento, ou a alegria de uma criança, nada disso pode explicar o que sinto por você."

Poético demais, eu não sou assim.

"— Acho que estou gostando de você, Babi.

— Eu também, Max.

— Quer namorar comigo?

— Sim, agora mesmo!"

É, quem sabe? Seria legal essa!

Na quinta à noite telefonei para ela.

— Babi?

— Oi, Max! Tudo bom?

— Tudo sim, e contigo?

— Tudo tranquilo.

— Então, eu... é que... sabe...

— Hum?

— Você tem aula amanhã à tarde?

— Até as 16 só.

— Não quer tomar um sorvete comigo após a aula?

— Claro! Onde te encontro?

— Lá naquele quiosque por trás da Biblioteca, pode ser?

— Estarei lá!

— Tá... Até amanhã, então.

— Até!

Ela vai... E agora? Menos de 24 horas!!!! Amanhã toda a minha vida pode mudar! Ou melhor, VAI mudar! Aquela troca de olhares da gente disse tudo! Ela gosta de mim!

Amanhã à noite eu terei uma namorada!

Demorei horrores para adormecer nessa quinta. Continuei imaginando as possibilidades. Me imaginei levando-a ao cinema. Me imaginei beijando-a no quiosque, após um sorvete. Inúmeras situações passaram pela minha cabeça até que o sono resolvesse me pegar.

Sexta pela manhã assisti aula, e após o almoço fui dar uma volta pela Universidade, esperando dar 16hs. 15:30 fui para o quiosque. Eu estava muito nervoso. O que ia acontecer? Ela ia dizer que estou maluco! Não, ela ia dizer que gostava de mim! Ai, ai, que angústia!

Fiquei observando as pessoas ao meu redor, e às 15:50 Babi apontou no horizonte, se encaminhando para onde eu estava. É chegada a hora.

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