PARTE II - Capítulo 4: A Primeira Partida

Logo o domingo chegou. Almocei cedo, separei algumas folhas, lápis e uns dados que eu tinha comprado anos atrás por achar eles legais (a maioria de 10 faces, e uns poucos de outros tamanhos). Saí de casa, peguei um ônibus e cheguei na graminha da facul meia hora antes do combinado.

Dessa vez, a primeira a chegar foi Bárbara. Ela estava com uma saia na altura dos joelhos, preta, all-star preto, e mini-blusa branca com um desenho de alguma animação japonesa. Como estávamos só nós dois, fui puxando assunto:

— E então, o que você faz aqui na Universidade?

— Eu curso Design, tou no primeiro período! E você?

— Faço Desenvolvimento de Jogos, também estou no primeiro período.

— Ah, legal! Quer dizer que você gosta de videogame, hein?

— Hehehe, gosto sim! Jogo desde pequeno, embora tenha passado uns anos mais parado, mas nunca totalmente. E sempre tive vontade de fazer meus próprios jogos.

— Eu jogo de vez em quando.

— Eita, muito bom!

E conversamos mais alguns minutos sobre jogos recentes que ela tinha jogado, até que o Gary chegou e começamos a fazer nossas fichas. Fomos pro livro escolher raças e classes de personagens. Acabei me decidindo por um elfo druida, com capacidades curativas. Bárbara escolheu uma elfa guerreira, com direito a usar uma imensa espada. Logo Sean e Ju chegaram, ele escolheu um anão bárbaro, e ela um humano arqueiro. Tínhamos um grupo. Dividimos nossos atributos direitinho, sob orientação do Gary. Ele me sugeriu colocar bons pontos em magia, porque mesmo sendo um druida, depois eu poderia aprender algumas magias úteis, mesmo que defensivas, e eu seria um dos únicos capazes. Bárbara poderia aprender algo também, por causa de seu sangue élfico, como o meu. Mas minha classe é bem mais favorável. Ju, com muita dificuldade, e Sean de maneira alguma.

Nomeamos nossos personagens da seguinte forma:

· Max – elfo druida: Halfelas

· Bárbara – elfa guerreira: Talindra

· Julianne – humano arqueiro: Badrorn

· Sean – anão bárbaro: Dwaïn Hogroth

E Gary começou a narração:

“O vilarejo de Raan ultimamente anda sendo pilhado por uma horda impiedosa de orcs. Duas vezes no último mês casas foram destruídas, e saqueadas, e alguns habitantes foram mortos, incluindo mulheres e crianças. A vila é de pescadores e agricultores, então não há combatentes habilidosos para proteger a cidade dos ataques. Um conselho de habitantes decidiu juntar suas moedas de ouro e contratar alguns guerreiros que queiram proteger a cidade.”

Ele tinha pedido pra nós quatro encontrarmos motivos para querermos dinheiro. Cada um revelou apenas a Gary seu motivo. Eu disse que o grupo de elfos da floresta do qual faço parte está desaparecendo. Existem cada vez menos elfos, e eu decidi sair pelo mundo em busca de conhecimento para descobrir a causa de nossa iminente extinção. Mas, como não sabia por onde começar, decidi me aventurar como caçador de recompensas, visando conhecer pessoas e lugares que pudessem me auxiliar.

“Desta forma, interessados em moedas de ouro, vocês quatro procuraram o responsável pela oferta, em Raan. Ele marcou de reunir os quatro ao entardecer.”

Desse ponto Gary continuou narrando os problemas da vila, nos encontramos e fomos à caça dos orcs. Tivemos que nos informar com várias pessoas sobre seu paradeiro, até que encontramos um acampamento com cerca de dez orcs. Eram muitos para um grupo tão pequeno e inexperiente como o nosso, ainda mais levando em conta que um dos membros (no caso meu personagem) não é combatente. Tivemos que planejar alguma estratégia. Conseguimos um cavalo com os habitantes da cidade, e Badrorn era o mais indicado para cavalgar, pois podia atirar flechas enquanto andava (embora para o jogador isso significasse que ele tinha que obter bons e difíceis sucessos nos dados).

Dessa forma, organizamos uma armadilha. Decidimos que Badrorn apareceria de surpresa no acampamento e faria alguma confusão. Como ele era apenas um, supusemos que apenas alguns orcs o iriam perseguir. Quando eles saíssem, Talindra e Dwaïn atacariam impiedosamente os orcs restantes, enquanto eu os curaria conforme fossem se ferindo. Badrorn atiraria flechas nos seus perseguidores e depois de alguns minutos voltaria ao acampamento, onde supostamente (novamente) nós teríamos derrotados os outros e poderíamos ajudá-lo a matar os orcs restantes.

Era um plano bem arriscado, mas foi o único que conseguimos bolar. E logo o pusemos em prática. Badrorn montou no cavalo com estilo, empunhou seu arco e seguiu em direção ao acampamento orc. Alvejou um no braço e saltou com o cavalo por sobre outro, acertando nele com as ferraduras. Os orcs gritaram e cinco começaram a persegui-lo. Os dois feridos ficaram, juntamente com três intactos. Quando os primeiros sumiram, nós aparecemos. Talindra girava sua espada furiosamente e Dwaïn era um verdadeiro monstro. Apesar de sua estatura reduzida, saltava com seu machado dilacerando pedaços de orc para todos os lados. Logo eles derrotaram os cinco, e eu precisei usar minha magia apenas uma vez, em Talindra. Badrorn não teve a mesma sorte. O mestre nos surpreendeu usando um orc que também era arqueiro, e conseguiu acertar duas flechas em nosso companheiro, que tinha conseguido derrotar apenas um dos seus perseguidores e agora estava com o braço impossibilitado de atirar, quando chegaram todos ao acampamento. Apressei-me a curar nosso amigo ferido, enquanto Talindra e Dwaïn atacavam os orcs. Dwaïn levou também duas flechadas antes de conseguir enterrar seu machado na cabeça do maldito orc arqueiro.

Afinal, conseguimos vencer o bando, mas como eu demorava alguns turnos para poder novamente curar as pessoas, Dwaïn e Talindra estavam muito feridos ao final. Mas ficamos felizes por nossa primeira vitória. Conseguimos o ouro e, satisfeitos pelos bons frutos da união de nossas forças, decidimos andar por aí à busca de recompensas como essa (claro que Gary deu um empurrãozinho nesse sentido, hehehe).

Assim acabou nossa primeira partida. Já estava escurecendo quando nos despedimos e fomos cada um pra sua casa. Eu saí muito feliz e animado pela partida excelente! Como tinha sido legal, nossa!

2 comentários:

você já jogou rpg, elvis?
descreve tão bem o jogo que parece ser um profundo conhecedor :D
eu nunca joguei rpg, sei lá, não simpatizo, mas até que me pareceu um pouco legal.
beijo :*

7 de janeiro de 2008 às 23:33  

Joguei sim, hehehehe. Na verdade, até mesmo mestrei. \o/
Mas abandonei há um tempo. ^^

8 de janeiro de 2008 às 12:39  

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