Aos poucos fui descobrindo que Michelle era uma garota legal. Conversávamos no intervalo de vez em quando. Mas não falávamos muito de Nic, e sim de assuntos mais banais, como as aulas, os assuntos das provas, etc.
Logo chegam as Competições Internas Poliesportivas. Eu resolvo mais uma vez não participar de nada e apenas ir assistir às fabulosas performances de Nicole. Para minha completa decepção, ela decidiu não participar das competições de natação neste ano. Mas há ainda o handebol e o basquete!
No primeiro jogo de basquete, dei de cara com Isabelle assistindo, e ela me chamou pra sentarmos juntos.
— Você não vai jogar?
— Nada! Eu tou só nos quebra-cabeças. Você também?
— Ah, esse ano não me inscrevi em nada, tava sem paciência.
— Hmmm, sei como é.
O jogo começou não muito animador para a nossa equipe. As meninas do primeiro ano eram muito rápidas. No meio do jogo, avistei Michelle entrando na quadra e acenei para ela.
— Isabelle, Michelle, vocês se conhecem?
— Ah, sim. Já conversamos algumas vezes, não é Isabelle?
— Claro, claro.
As meninas conseguiram ganhar o jogo. Nicole estava linda, como de costume, com aquelas pernas cada vez mais esbeltas.
E assim a semana foi passando. Vi Isabelle mais duas vezes e Michelle me acompanhou a quase todos os jogos, pois também não estava participando de nenhuma competição. No basquete conseguimos a medalha de bronze. Mas o handebol era o forte das meninas e principalmente de Nicole. Elas eram bicampeãs e muito temidas.
A final foi na sexta-feira pela tarde, uma das mais aguardadas. Michelle e Isabelle foram assistir também. Eu me sentei logo atrás do banco de reservas das meninas para poder trocar algumas palavras com Nic se houvesse oportunidade.
Todavia, mal o jogo começou e uma menina imensa do segundo ano deu uma trombada violenta em Nicole e ela caiu no chão, dolorida. Eu me assustei logo quando a vi sendo carregada para o banco de reservas. Desci para ajudar a acomodá-la.
— Nicole! Você está bem?
— Ai, acho que torci meu tornozelo. Putz, tá doendo muito!
Tomei uma iniciativa que jamais pensei que pudesse tomar.
— Alguém tem uma daquelas pomadas em gel?
As meninas fizeram que não.
— Espere aqui.
Fui me esgueirando até o banco de reservas das adversárias.
— Oi, desculpe atrapalhar, será que vocês teriam uma pomada em gel para emprestar ao nosso time?
Uma menina ruiva dos olhos bem azuis olhou demoradamente para mim, abriu uma bolsa e tirou a pomada.
— Como é você que está pedindo eu empresto, gatinho.
Saí meio chocado com o elogio que nunca tinha recebido e nem agradeci. Fui correndo ao banco, onde Nic estava deitada. Eram duas reservas apenas: uma tinha entrado no lugar de Nicole e a outra estava agindo como técnica, dando ordens às demais. Então ela estava deitada sozinha no banco.
Com uma ousadia inesperada peguei nos pés dela, envoltos por um par de tênis, e os ergui, me sentando no banco e colocando-os em cima do meu colo.
— Qual o tornozelo dolorido?
— O direito.
Mal pude apreciar adequadamente aquele momento incrível. Apliquei um pouco do gel no tornozelo da perna direita e comecei a massagear, como tinha visto fazerem na TV. A pele dela era muito macia e eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo. De vez em quando ela reclamava de dor, mas eu continuei a massagear. Por mim eu teria ficado naquele momento por toda uma eternidade, mas...
— Puxa, Max, tá bem melhor, acho que vou me sentar para assistir o jogo.
— Cuidado, hein?
— Já tou bem! Obrigada!
E começou a assistir o jogo, permitindo minha presença ao lado dela no banco.
Eu não prestei muita atenção, pois estava aproveitando aquela proximidade para olhá-la por todos os ângulos, admirar aquele perfeito construto da natureza.
Apesar da ausência dela, as meninas conseguiram fazer um gol no final e ganharam apertado. Quando finalmente acabou, ela foi, mancando, abraçar as amigas e receber a medalha de ouro. Fiquei ainda ali, esperando-a.
Lembrei-me de devolver o gel e fui atrás da ruiva de olhos azuis. Ela era magra, mas bonitinha.
— Obrigado, viu? Serviu bastante!
— Por nada, Max. Eu me chamo Sarah, se precisar de alguma coisa, pode me procurar.
Não entendi como ela sabia meu nome, mas saí assim mesmo, à procura de Nic. Ela estava saindo do ginásio e corri para ajudá-la. Aproveitei para abraçá-la, ao oferecer meu ombro para que ela não tivesse que mancar tanto.
— Está se sentindo melhor?
— Tou sim.
Fomos devagar até o lado de fora, onde uma amiga dela do time esperava com o pai, para dá-la uma carona.
— Obrigado, Max. Você hoje foi um amor.
Beijou minha face e entrou no carro.
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