A História Real da Vida Real

Ok. Férias. Nada de Nicole. Dois meses.

Ok. Eu posso viver com isso.

...

Ok. Vamos jogar videogame então.

...

Mal liguei o videogame, olhei pros meus CDs velhos, que nunca mais eu tinha jogado, e a campainha tocou. Era Fred!

Não nos víamos muito, mas ainda havia amizade. Não precisamos falar muita coisa, ele já chegou com dois CDs de jogos novíssimos na sacola. E, claro, jogos de dois jogadores.

Os dias foram ótimos. Jogamos muito. Muito mesmo. Eu decididamente não jogava dessa maneira há anos. Mal saí de casa, minha mãe até reclamou. O pessoal do colégio não me ligou. Não que eu esperava que fizessem, mas...

Porém, enquanto durante os dias eu tinha a agradável companhia de Fred, as noites eu passava na Internet ou na cama pensando em Nic. E quando eu estava na Internet, eu ficava conversando, ora com uma amiga, ora com outra, sobre Nic. Eu não falava dela com muita gente, mas descobri que pela net eu conseguia me abrir mais facilmente. Recebi muitos conselhos inúteis e muitos realmente bons, mas que eu não gostaria de seguir. Eu sempre fui racional. Sei que não tenho muitas chances com ela. Sei que seria mais saudável se eu desistisse e fosse pra outra. Mas como eu poderia fazer isso? É a ela que eu amo, não é?

— Vocês não concordam? Não é, Cleve? Eu amo aquela garota, como posso esquecê-la? Tou mentindo, Jamie?

— Não, Max, não tá. Eu agora acredito que você realmente gosta da menina. Faz tempo demais que esse rolo começou pra ser um engano.

— É, eu a amo. Não posso pensar em outra coisa. Felizmente o Fred tem me ajudado durante os dias com o videogame, senão eu passaria minhas férias lamentando.

— Não lamente, Max. Eu sei que você sofre muito por causa dela. Mas não há nada mais belo que o amor. Sabe? Eu acho que sofrer por amor vale a pena. É. Eu acho.

— Puxa, Cleve. Isso foi bonito de se ouvir. É mesmo, eu sofro, mas eu amo.

— Bah, você ta enchendo a cabeça dele, Cleve.

— Não, ela não está, Jamie. Ela só clareou o que eu pensava.

Muitas tardes jogando videogame. Muitas noites batendo papo na Internet (e vez ou outra baixando dicas pros jogos de videogame das tardes). Muitas conversas com Cleve e Jamie. Nessa brincadeirinha, estamos na última semana de janeiro e segunda-feira começam as aulas. E Nic estará lá. Puxa, como estou ansioso. Parece que faz uma década que não a vejo. Como queria que ela viesse mais carinhosa esse ano. Tipo, me desse um abraço de saudades. Ah... como seria bom.

Sinto que as coisas serão diferentes a partir de agora. Eu estou mais corajoso. Direi a ela o que sinto. E ela corresponderá aos meus sentimentos. Vai dar tudo certo. Vai sim! Como a amo!