Então combinei com Gary, meu mais recente colega, de buscar jogadores de RPG pela Universidade. Não era uma tarefa nada fácil, devo dizer!

Resolvi ficar meia hora após as aulas rodando pelo campus procurando pessoas que tivessem, sei lá, cara de RPGista! Variei bastante minhas táticas. Passeava um dia pela área de exatas, outro pela de humanas, outro por saúde. Depois decidi ficar sentado num banco que ficava bem na passagem, folheando ilustrações de RPG que eu tinha impresso no meu PC.

Essa última abordagem foi um pouco mais bem-sucedida que ficar rodando a esmo. Mas não suficientemente bem-sucedida. Muita gente passava olhando, mas quando eu olhava de volta e começava a sorrir, se apressavam, ou viravam a cara. Nunca sorriam de volta ou se interessavam.

Também experimentei sentar em bancos com pessoas neles e folhear as ilustrações, para ver se gerava algum interesse. Mas nada. Depois de alguns dias, Gary me ligou e disse que tinha conhecido uma garota e que ela tinha topado jogar conosco, e que bastava encontrarmos uma quarta pessoa e já daria pra jogar.

Após uma semana e meia de busca, eu já estava desistindo. Pensei que Gary poderia encontrar alguém ele mesmo. Sentei-me num banco entre uma aula e outra, pois eu tinha meia hora sobrando. Nem me dei ao trabalho de folhear as ilustrações.

Então, sentou-se ao meu lado uma garota com longos cabelos ondulados, de um louro escuro. Sua pele era branco-amarelada e tinha belos olhos cor-de-mel. Quando dei por mim, ela usava uma blusa preta e tinha escrito em branco “Mulher também joga RPG”!!! Tinha uma jogadora de RPG bem ali do meu lado!!!

Olhei pra ela, mas fiquei com vergonha de começar um papo. Então peguei as ilustrações e comecei a folheá-las aleatoriamente. Meu intento teve sucesso, pois ela falou comigo:

— Oi, você joga RPG?

— Jogo sim. Digo, estou começando agora. Dá pra ver pela blusa que você também joga, né?

— É, jogo. Tou meio parada, mas jogo.

— Ahh... Mas não quer voltar?

— Como assim?

— É que... estamos montando um grupo e precisamos de gente. Não tá afim?

— Eita! Sério? E vocês vão jogar o que???

— A princípio, Medieval Land. Depois pode ser que joguemos outras coisas.

— Medieval Land? Putz, eu tou doida pra jogar a nova edição! É a nova?

— É sim.

— Tou dentro! Meu nome é Bárbara, e o seu?

— Max!

Trocamos telefones e fomos, cada um para sua aula.

À noite liguei pro Gary e ele me disse que tinha encontrado mais um cara. E ficou feliz quando contei da Bárbara.

— Putz! Duas mulheres numa mesa de cinco? Cara, isso é muito raro, tou falando!

— Hehehe, imagino.

Marcamos de nos encontrarmos no final da tarde do dia seguinte, que era uma sexta-feira, para todos se conhecerem e agendarmos algo. Liguei pra Bárbara avisando. A voz dela era bonita ao telefone.

Então no outro dia, às 17:15 (tínhamos combinado 17:30), eu cheguei num gramado sob duas árvores por trás de um dos blocos de Engenharia Civil. Alguns minutos depois, chegou uma garota baixa, magrinha e loira. Sorriu pra mim e se sentou.

— Você é o Max?

— Sou sim. Você é a...

— Julianne, prazer.

Trocamos dois beijinhos nas faces e nem pude perguntar nada porque Gary chegou logo em seguida.

— Opa, já vi que se conheceram.

— É, o Max parece legal.

Que comentário estranho. A garota me pareceu meio maluca, mas divertida.

Com cinco minutos de atraso, Bárbara apareceu. Estava novamente com a blusa com a qual a conheci, dessa vez de propósito, penso eu, para mostrar ao pessoal, hehehe.

— Gary, Julianne, essa é a Bárbara.

— Olááá, que bom ter outra garota por aqui, hein? Pode me chamar de Ju, viu?

— Pois é, garotas também jogam RPG, tá vendo? — mostrando a blusa enquanto falava.

Vinte minutos depois, já achávamos que o cara não ia aparecer, e ele chegou, bem calmo, como se estivesse no horário. Gary foi logo apresentando:

— Pessoal, esse é o Sean. Sean, esses são Max, Julianne e Bárbara.

O tal Sean era alto, muito magro, estava todo de preto, usava óculos e tinha cabelo escuro, curto. Gary estava novamente de boné, ele parecia gostar.

Conversamos meia hora sobre o jogo. Gary seria nosso mestre e todos estávamos empolgados. Sean e Bárbara já tinham jogado antes, mas eu e Julianne não. Seríamos estreantes. Mas Gary dizia o tempo todo que era simples. Todos estávamos ansiosos, então acertamos de começar no domingo à tarde, nesse mesmo local, pois a graminha era confortável.

Nos despedimos e fomos embora. Eu estava empolgado. Parecia uma excelente oportunidade de fazer amigos. Todo o pessoal me pareceu simpático. A Julianne meio maluquinha, e o Sean meio caladão. Mas o Gary é bem legal e Bárbara também. Eu não via a hora de começar a jogar.

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