Na volta às aulas, Nic estava, como de costume, linda. Sorriu para mim, mas não conversamos pois ela chegou em cima da hora e o professor Demétrius já estava na sala.

— Olá, alunos modernos!

Ano passado ele nos chamou de jurássicos e disse que ao final do ano estaria nos chamando de contemporâneos. Mas quando soube que ia nos pegar novamente no segundo ano, mudou de idéia. Evoluímos apenas para antigos e medievais. Esse ano nos tornamos modernos, e espero que daqui a uns dois meses sejamos contemporâneos!

— Minha maior frustração desde que comecei a lecioná-los, ano passado, foi em relação a algo que prometi e não realizamos até hoje. Eu sugeri ano passado levá-los a uma cidade próxima para mostrar um museu da Idade Moderna. E até hoje essa pequena excursão não saiu. Mas agora ela vai sair!!! Anotem nos seus cadernos! No sábado da semana que vem, sem falta, faremos a viagem! Seus pais receberão um comunicado oficial, que deverão assinar e vocês devem trazê-lo.

Nossa! Mas que surpresa! Menos de duas semanas para essa viagem! Puxa, que legal!! Queria ir do lado de Nic no ônibus!!!

Essas duas semanas voaram e de repente me vi às 6 da manhã na frente do colégio no fatídico sábado da viagem, ao lado de vários colegas. Vão todas as turmas dos segundos anos. Dois ônibus. Janice vai conosco para ficar em um dos ônibus enquanto o professor Demétrius fica no outro.

Fiquei de olho, após Nicole chegar, para ficar no mesmo ônibus que ela. Mas não tive que me preocupar, nossa turma ficou em um ônibus, com metade de outra turma. E os demais ficaram no ônibus de trás. Nic sentou com Amanda do lado direito, mais ou menos na metade do ônibus. Consegui sentar no banco de trás, mas para meu azar Brad sentou ao meu lado. Com certeza ainda gosta dela e quis esse lugar para paquerá-la nas situações que conseguir.

— Atenção, todos! Vamos sair agora, às 6h30min, e às 8h devemos estar chegando ao destino. A manhã será de visitação ao museu, como sabem, depois vamos almoçar em um restaurante próximo, e em seguida vamos passar a tarde em um parque da cidade, que tem passeios de pedalinho no lago, de bonde, entre outras atrações. Ás 17h vamos ao pequeno shopping da cidade, onde vocês terão duas horas de lazer, para lanchar e comprar algo se assim desejarem. 19h em ponto estaremos voltando, de forma que 20h30min seus pais estarão aqui os aguardando. Agora maneirem na bagunça no caminho, hehehe!

Então o professor Demétrius se sentou lá na frente, ao lado do motorista, e o ônibus saiu. Cinco minutos. Foi o tempo que o pessoal conseguiu esperar para começar a balbúrdia. Puxaram logo um violão sabe lá de onde e começaram a cantar lá no fundão. Eu a princípio achei ruim a idéia, pois não gostei das músicas, mas logo mudei radicalmente de idéia. Amanda e Nicole ficaram de joelhos nas suas respectivas poltronas, viradas para trás, de forma a acompanharem a música. Ou seja, Nic estava na minha frente. Só dava para ver seu rosto e pescoço, mas já era mais do que eu esperava!

Brad se animou mais do que deveria com a cantoria e logo estava dançando, se exibindo para as garotas. Ou melhor, para Nicole, pois não tirava os olhos dela. Só então notei que Isabelle estava atrás de mim, pois me virei para ver Brad e me deparei com ela também de joelhos na poltrona.

Meia hora depois o professor estava cantando junto com o pessoal. E cada um sugeria uma música, estava até bacana. Ajoelhei-me na poltrona também, mas meio de lado, para poder olhar para ela e não só para a cantoria. Agora eu até a via melhor, mais de cima.

Estavam encerrando uma música quando Nicole saiu da cadeira e foi pra perto do violão. Usava uma calça jeans daquelas desbotadas propositadamente, e uma blusa verde, de manga curta.

— Você toca alguma da Angel?

— Opa, toco sim! Acho que é Hearts o nome.

E começou a dedilhar a música. Para meu deleite, Nic começou a cantar a música sozinha. Era uma bela balada, sobre duas pessoas que se amam e não conseguem ficar juntos. Cá comigo pensei que se ela me desse uma chance, me amaria também. A diferença é que nós ficaríamos juntos de qualquer maneira!

A voz dela era doce e afinada. A maioria do pessoal sabia apenas o refrão, e eu achei ótimo, pois podia ouvi-la cantar. Então a música acabou e ela voltou ao seu lugar. Eu criei coragem e comentei:

— Você canta muito bem!

— Obrigada, Max!

Nessa brincadeirinha, chegamos à cidade. Era uma cidade antiga, porém pequena. Todos pararam de cantar e se dedicaram a olhar a paisagem. Logo depois o ônibus estacionou em frente ao museu.

— Atenção, pessoal! Desçam e aguardem ao lado do ônibus enquanto juntamos os dois grupos, ok?

Eu procurei me manter perto de Nic, e para meu azar Brad também não desgrudava. Mas ela não estava muito interessada, pois nem olhou para ele direito, apenas conversava com Amanda. De qualquer forma, eu estava contente em poder segui-la de perto, admirá-la.

Confesso que o museu era deveras interessante. Tinha quadros renascentistas, esculturas, manuscritos iluministas originais, e muitos outros artigos interessantes. E tinha muitas réplicas fiéis, inclusive das obras de DaVinci.

Um guia nos acompanhou por todo o trajeto, explicando detalhes, juntamente com o professor Demétrius, que se mostrou um profundo conhecedor de arte.

Quando dei por mim, tínhamos chegado ao fim do museu, e era meio-dia e quinze. O tempo voa quando estamos fazendo algo interessante. Só então percebi que meu estômago há muito ansiava por comida!

— Pessoal, todo mundo pros ônibus, vamos almoçar!

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