A História Real da Vida Real

O fim de ano está cada vez mais próximo! Não tive oportunidades de falar com Nicole com privacidade. Hora ela estava conversando com o Brad, hora com aquele imbecil lá do 3º ano, hora com alguma outra pessoa, e no resto do tempo Amanda não desgrudava dela.

Então um dia eu a observava conversar animadamente com Amanda no intervalo e uma voz meio fanhosa me interpelou:

— Você acha ela bonita mesmo, né?

Tomei um susto com aquela estranha intromissão e a princípio acreditei ser um pensamento meu criando vida, mas então vi uma menina loura, com cabelos levemente ondulados, no meio das costas, olhando para mim. Tinha belos olhos azuis e uma cara meio sonhadora. E a voz que eu tinha ouvido decididamente não parecia ter sido produzida por ela, era extremamente fanhosa.

— Hmm? Você falou alguma coisa?

— Eu acho que você me ouviu.

Pois não é que a natureza ainda consegue me surpreender? A garota e a voz não combinavam em nada. Aliás, aquela voz parecia-me ligeiramente inumana, talvez de algum felino. Então me dei conta de que já tinha visto a menina antes, não lembro o nome, mas sei que estuda no 2º B. Ela era decididamente baixinha, talvez 1.50m.

— Desculpe, eu estava distraído, não entendi bem.

— Que você tava distraído eu sei, mas achei ter sido suficientemente clara. Bom, não vejo problemas em repetir. Afirmei que você a achava bonita.

— Hein? Como? Continuo sem entender. Do que é que você está falando?

— Nicole, claro.

Hein? Como diabos aquela menina tinha percebido alguma coisa sobre meus sentimentos em relação a Nic?

— Hahahaha! Você é muito engraçada, por que pensa isso?

— Ué, porque eu sei que você gosta dela desde o início do ano.

De repente me assustei verdadeiramente com o que a menina estava dizendo! Quem teria contado a ela? A única pessoa que sabe é Isabelle, e ninguém mais. Ela não teria sido capaz de notar sozinha, eu não deixo pistas!!

— Como é seu nome?

— Michelle, e o seu é Max.

— Ah... sim... é, digo, não! Como você pode pensar uma asneira dessas? Eu e Nic somos amigos, só isso.

— É desnecessário ficar negando. Você dá tanta bandeira que me surpreende ninguém ter comentado com você antes.

Então me lembrei que Amanda tinha insinuado exatamente a mesma coisa.

— Bom, se me dá licença, eu tenho mais o que fazer do que falar com uma menina que fica vendo coisas onde não há nada.