A História Real da Vida Real

Da sexta seguinte ao ocorrido em diante, Paul não apareceu mais nas nossas sessões de estudo. Obviamente, eu achei ótimo! Continuamos a acompanhar o assunto assim que ele era dado nas aulas. Esse grupo foi uma idéia ótima. Nunca estive tão próximo de Nic. Digo, nunca convivi tanto com ela.

Então, no meio de outubro, Janice veio falar com a turma.

— Olá! O vestibular está chegando, hein? Todos se preparando direitinho? Bom, mas não foi deste assunto que vim tratar. Como achamos que nessa época do ano vocês já estão bem cansados da maratona de estudos, e também como é o último ano de vocês no colégio, temos uma proposta a fazer.

Os alunos logo começaram a cochichar, em tentativas de adivinhar do que se tratava.

— No primeiro final de semana de novembro, faremos uma excursão para a praia, como tem sido realizado pelo colégio há anos com as turmas concluintes! Vou entregar a todos uma folha com o roteiro planejado, as datas e o valor. Vocês têm até o fim da semana que vem para confirmar a participação. Adianto que costuma ser muito divertido. Eu mesma irei com vocês e é uma excelente oportunidade de esfriar a cabeça.

Naquele dia não se falou sobre outro assunto. E nos dias seguintes também não. Eu estava pensando em ir e na sessão de estudos do sábado resolvi perguntar quem iria, sondando para saber se Nicole pretendia ir. Se ela fosse, eu iria.

— E aí, pessoal? Vocês tão pensando em ir pra excursão?

Todos disseram que pretendiam, exceto Amanda e Michelle. Então a própria rebateu-me a questão:

— E você, Max? Vai?

— Creio que sim, Amanda!

Quando saímos da sessão de estudos, eu já ia me levantando e Amanda pegou no meu braço:

— Posso falar com você?

— Claro.

Deixamos o pessoal sair e ela começou:

— Você tem certeza que quer ir a essa excursão?

Não compreendi aonde ela queria chegar.

— Ué, por que não?

— Suponho que não está sabendo então.

— Sabendo de que?

— Nicole está namorando um cara.

A notícia caiu como uma bomba no meu estômago. Quem?

— Quem?

— Ah, um carinha aí, não é do colégio. Mó chato!

Emudeci uns instantes.

— E ela conversou com a Janice e a mesma autorizou o carinha a ir pra excursão também, desde que fique nas acomodações masculinas, como todos os outros.

Merda!

— Então, eu não vou. E recomendo que você pense melhor.

Nisso ela desceu as escadas e foi embora. Eu sentei num degrau e fiquei pensativo. Putz, ela não agüenta ficar sozinha por um tempo? Tá certo que eu não a queria sozinha, a queria comigo, mas melhor sozinha do que com um mané qualquer. Inferno...

Após alguns minutos, levantei-me e fui para casa. No caminho, decidi não ir à excursão. Eu não seria capaz de ficar assistindo a um show dela com o boboca lá, se beijando pelos cantos, se amassando. Grrr, ela de biquíni e um imbecil se aproveitando disso. Ai, que ódio!!!

As semanas se passaram e numa quinta-feira eles viajaram. Ganhei uns dias em casa, mas não fiz nada muito interessante além de imaginar o que eles estariam fazendo. Espero que Janice seja rigorosa na vigilância e esse babaca não queira invadir o dormitório de Nic durante a noite. Que ódio!!

— Eu queria estar no lugar desse cara!

— Max, você devia ir, dar um soco nesse imbecil e ficar com a menina!

— Que é isso, Jamie! Isso é coisa que se diga para alguém fazer?

— Ah, Cleve! O Max é muito mole! Ele precisa ter alguma atitude firme de vez em quando.

— Mas assim é demais! Ela não ia gostar se ele desse um soco no namorado dela.

— Será que não? Há mulheres que gostam de homens viris, que brigam por elas.

— Eu não sou assim! E acho que Max fez muito bem em não ir.

— É, fiz. Talvez eu desse um soco nele mesmo se tivesse lá. E não quero que as coisas sejam assim. Eu deveria conquistá-la pelos sentimentos, não usando violência.

— Ah, pra mim você é mole!

— Deixa ele, Jamie!

— Você também é mole, Cleve!

— Chega! Eu cansei dessa discussão! Cansei de vocês dois!

Decidi ficar sozinho, pensando em Nic e em como seria se fosse eu no lugar do namorado dela, invadindo seu quarto durante a noite...