PARTE I - Capítulo 50: Vestibular

A excursão passou. Isabelle me contou que foi bastante divertida, e também ouvi detalhes através dos comentários em geral da sala. Ainda ouvi comentarem que o namorado de Nicole era um saco e que não desgrudava do pé dela.

Ainda bem que não fui.

Meu tempo estava acabando. O mês de novembro chegou ao fim e eu não pude ter uma chance mais direta com ela. Nosso grupo de estudos ia muito bem, e notei que todos pareciam prontos para o vestibular.

Dois dias antes do início das provas do vestibular, tivemos nossa última sessão de estudos. Apenas revisamos fórmulas de matemática, física e química. Ás cinco da tarde estávamos todos cansados e Michelle deu uma idéia:

— Por que não vamos a algum lugar? Hoje é nossa última sessão e pode ser que alguns de nós não nos vejamos mais no ano que vem. Estivemos tão próximos esse ano, por que não fazer uma despedida?

A idéia foi muito bem-recebida, exceto por Jude, que já tinha um compromisso, mas se despediu de todos e agradeceu pelo tempo que estudou conosco. Como o imbecil do Paul não estava mais conosco, só Michelle tinha carro. Tivemos que nos espremer, algo que eu particularmente gostei.

Assim que Michelle abriu o carro fui o primeiro a entrar, de forma e não ficar na frente e torcer para Nic ir ao meu lado. Dito e feito, ela entrou logo depois de mim, seguida por Amanda e Tom. Isabelle foi na frente. Ficamos apertados. O cabelo dela estava meio grande e batia no meu rosto e ombro, perfumado como de costume.

Michelle nos levou para aquela lanchonete onde meses antes ficamos amigos, após a trágica festa. Eu senti que aquele dia poderia ser o último em que eu teria contato com Nicole. Ainda a veria algumas vezes no colégio, mas provavelmente não teria chances de proximidade.

Eu sentia uma vontade imensa de esclarecer algumas coisas com ela. Se ela não quer nada comigo, porque me deu bola algumas vezes? Como na festa do 1º ano, na gincana do 1º ano, naquela viagem e em muitas outras ocasiões. Ela demonstrava sentir algo. Queria passar tudo isso a limpo. Mas eu sabia que não conseguiria dizer isso a ela, conversar sobre esse assunto como se estivesse falando de uma banalidade qualquer.

De súbito tive uma idéia: decidi mandá-la uma carta, após as aulas acabarem. Assim ela responderia e, sabendo das minhas intenções, me daria uma resposta decente. Para mandar a carta, eu precisava de seu endereço. Mas com que finalidade eu o pediria? Ainda mais na frente de todo o pessoal.

— Pessoal, eu quero agradecer por todas as sessões de estudo juntos. Aprendi muito com vocês. Como essa é uma despedida, eu queria pegar o endereço de todos, para, quem sabe, nos comunicarmos futuramente.

Assim, trocamos todos nossos endereços. Eu gostava de todos ali presentes, devo dizer. Até mesmo Tom, de quem já tive raiva no passado, era um cara legal. E Amanda, apesar de umas conversas estranhas vez ou outra, e de suspeitar dos meus sentimentos, também era simpática. Isabelle era muito legal e Michelle era uma ótima amiga, a única com quem eu já tinha realmente aberto meu coração. E Nicole... a pessoa que mais amo no mundo. Será que um dia a esquecerei?

Conversamos muito naquele dia e prometemos nos ligar no ano que vem. E domingo começou o vestibular. Eu não estava muito ansioso na véspera, mas, alguns minutos antes da prova, me deu um frio no estômago... Felizmente eu tinha certa segurança.

Foram três dias de prova, todas as manhãs. Tínhamos quatro horas e eu gastei em torno de três, incluindo o tempo de revisão. Achei relativamente fácil. No último dia, eu estava saindo e ia ligar pra minha mãe me buscar, quando ouvi me chamarem:

— Maaax!

Virei-me para ver de quem se tratava e era Michelle.

— Oi, Michelle! Gostou das provas?

— Acho que sim! Fiquei um pouco nervosa, mas espero ter feito tudo direitinho.

— Que bom!

— Vamos, eu te deixo em casa!

— Tá legal!

Então, no carro, ela começou uma conversa:

— Max, você é importante pra mim.

Eu estranhei, mas respondi:

— Que é isso, você também.

— Prometa-me que não vai se esquecer de mim.

— Prometo!

— Vamos marcar de nos ver ainda esse ano, que tal?

— Por mim tá ótimo!

— Eu queria conhecer sua mãe, o que acha?

Nossa, eu levando uma garota em casa. O que minha mãe pensaria?

— Ótimo! Vou falar com ela e depois te ligo pra acertar.

Chegamos em casa, ela me deu um abraço apertado e nos despedimos. Era o fim de uma etapa da minha vida. E o início de uma duradoura amizade.

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