A História Real da Vida Real

Alguns dias após as provas do vestibular, liguei para Michelle.

— Oi, Michelle! Tudo bom?

— Tudo sim, Max! E você?

— É, tudo bem. Escuta, falei com minha mãe e ela mandou que eu convidasse você para passar o natal aqui em casa, você topa?

— Uau! Puxa, eu quero sim! Vou falar com meus pais antes, mas é quase certeza que eles deixem!

— Que bom!

— Brigadão pelo convite, hein?

— Ah, que nada! Eu e mãe estamos indo passar duas semanas com os meus avós. Voltamos perto do natal. Te ligo para pegar uma confirmação com você e acertarmos horários! Beleza?

— Fechado!

— Bom, agora eu vou indo, preciso colocar umas tranqueiras na mochila!

— Hahaha! Ok, beijão Max e divirta-se!

— Você também.

Então fomos pra casa dos meus avós passar uns dias. Minha vó tinha feito um almoço fantástico! Ambos nos abraçaram muito e reclamaram que deveríamos visitá-los mais vezes.

Jogamos baralho, nós quatro, a tarde toda. Foi muito divertido, principalmente porque eu e meu vô fomos a dupla vencedora! Fui dormir cedo e incrivelmente descansei muito. O silêncio ajuda a dormir às vezes.

Os dias que se seguiram foram bem tranqüilos. Jogamos dominó e baralho algumas vezes. Caminhei com meu vô, conversamos um pouco e ajudei-o a consertar a bicicleta dele. Um dia, após o almoço, ele trouxe um xadrez para a mesa. Eu sabia jogar, mas há muito tempo não o fazia. Então passamos dois dias inteiros imersos naquele universo. Ele me ensinou táticas, como jogar com relógio, que aberturas eu deveria usar e muitas maneiras de prever as jogadas do adversário. Mesmo passando-me seus conhecimentos, ele ganhou tudo e me disse que com a prática eu chegaria lá.

Levei um CD da Angel e o ouvi várias vezes também. A voz dela era muito doce e algumas músicas me faziam esquecer Nicole. Falando nela, será que ao chegar em casa encontrarei uma resposta? Não posso deixar que mãe saiba que recebi essa carta!

Os dias foram tão divertidos que quando me dei conta era o dia de voltar. No final das contas, eu sentia saudades do meu computador. Despedimos-nos e pegamos o caminho de casa.

Quando mãe estacionou o carro, apressei-me à caixa de correio. Porém, apenas contas e cartões de natal. Até quando vai durar essa angústia? O que será que ela vai responder? Será saudável eu sentir falta de conversar com Jamie e Cleve?