Quando voltamos para o ônibus eu já estava com muita fome! Mas, para minha felicidade, o restaurante era muito próximo ao museu e em dez minutos eu estava fazendo meu prato num tradicional self-service. Ao entrarmos, Tom me segurou para perguntar não lembro o que e quando me dei por conta já tinha um monte de gente na fila, incluindo Nicole. Apressei-me, para ver se conseguia sentar na mesma mesa que ela. Para piorar, Brad estava logo atrás dela.

Fiz meu prato e quando saí vasculhei o recinto atrás dela com meus olhos. Ela estava ao lado de Amanda e Brad estava sentado logo à sua frente. Corri e ainda consegui sentar na última vaga, de frente a Amanda. Começamos a comentar coisas do museu e de como estava sendo bacana o passeio.

Brad não tirou os olhos dela o almoço todo, enquanto eu nem pude fazer o mesmo, pois Amanda ficou perguntando bobagens e me distraindo. Fiquei até com a impressão de que ela estava tentando me fazer não conversar com Nic. Mas como não pude pensar numa boa razão para que ela fizesse tal coisa, assumi que era apenas a minha imaginação.

Após o almoço quase todos tomaram sorvete, inclusive eu. Já era umas 14h30min quando chegamos ao tal parque falado. Vinte minutos bastaram para que déssemos uma volta em todo o lugar e então o professor liberou para nos espalharmos até 16h40min, quando devíamos nos dirigir para o portão principal e nos reunirmos.

Eu, Nicole, Amanda e o puxa-saco do Brad sentamos na grama, logo em frente ao lago. Nic estava especialmente linda ali, naquela paisagem calma e quase paradisíaca. Não tinha muitas pessoas passeando, apenas algumas jovens famílias com seus filhos pequenos brincando e se divertindo. Passeando de pedalinho no lago havia um casal de jovens namorados. Fiquei pensando como seria o máximo se eu e Nic estivéssemos no lugar deles.

Foi então que as coisas aconteceram de tal maneira que eu tive mais um momento fantástico. Brad se ofereceu para comprar algodão doce para a gente numa barraca que tínhamos visto do outro lado do parque. E aí eu tive uma idéia que jamais pensei ser capaz de ter:

— Eita, Brad! Como você vai carregar os quatro?

— É, não tinha pensado nisso.

— Por que não vai com ele, Amanda?

Cruzei meus dedos numa torcida para que ela aceitasse e fosse.

— É, vou sim. Não demoramos.

E então me vi sozinho com Nicole. Estávamos só os dois, como não tínhamos estado havia muito tempo. Esperei uns trinta segundos para não parecer premeditado, depois mandei às favas pois não agüentei esperar.

— Esse pedalinho parece bacana, quer dar uma volta?

— Ah, quero sim! Estava só esperando alguém me convidar!

Levantei-me e estendi a mão para ajudá-la a se erguer, ajuda esta que ela aceitou. Segurou firme na minha mão com sua tez delicada e puxou até estar de pé. Guardei cuidadosamente cada momento desses minutos na minha memória. Não podia me arriscar a esquecer de algo.

Fomos até o homem que cuidava dos pequenos barcos e paguei a ele a quantia. Logo subimos e ele deu um empurrão. Pus-me a pedalar e ela fez o mesmo. O sol fazia um ângulo de trinta graus com o chão ao atingir sua face lívida. Pedalamos até mais ou menos a metade do lago e paramos para relaxar um pouco e curtir o momento de descanso. Virei-me e fiquei admirando corajosamente seu rosto, ali tão próximo. Súbito um ímpeto tomou conta de mim e comecei a alisar seu cabelo. Peguei nas mechas soltas e passei a mão em sua cabeça.

Ela apenas continuou admirando o céu e me deixou naquele ato que durou apenas um minuto, mas que ficou eternizado na minha mente. Quando toquei audaciosamente a sua face, ela se moveu e falou, apontando para a margem:

— Olha! Amanda e Brad já chegaram com o algodão-doce da gente.

Então voltamos a pedalar. Mesmo que tenha durado tão pouco foi inesquecível. Desde a gincana do ano passado não tínhamos tido momentos tão agradáveis.

Quando chegamos à margem e o cara puxou o pedalinho pra terra firme, de forma que pudéssemos descer sem molhar os pés, notei que Brad parecia muito chateado e mal aproveitava seu algodão-doce. Senti-me ainda mais feliz!

Comemos o algodão doce e logo já era 16h40min. Fomos para o portão e 17h10min estávamos no shopping. Era pequeno, mas bem agradável. Olhamos uma loja de CDs, nós quatro novamente, e muitas vitrines. Eu queria ver uma livraria, mas não quis deixar de estar na companhia das meninas para isso, e elas preferiam as vitrines. Umas seis da tarde resolvemos ir comer algo. Após dar uma volta na praça de alimentação, optamos por pedir uma pizza família para todos.

Conversamos mais uns minutos e então o professor Demétrius passou chamando para o ônibus. A volta foi rápida e não aconteceu muita coisa interessante. Eu queria sentar ao lado de Nicole, mas ela e Amanda parecem não se desgrudar muito ultimamente, e tive que me contentar em sentar na poltrona ao lado, após o corredor, com Isabelle. Brad ficou atrás delas, como na ida.

Conversei muito pouco com Isabelle, porque queria ficar falando com Amanda, que estava no corredor, sob o pretexto de olhar para Nicole. Falamos de algumas bobagens, do dia, das provas, das aulas, de muitas coisas, e quando me dei conta Nic estava dormindo. Isabelle também dormia ao meu lado. Foi então que Amanda me surpreendeu:

— Max, você gosta mesmo da Nicole, né?

— Hein?

Claro que aquilo foi um choque para mim. Além da surpresa, eu tenho muita vergonha de falar nesse assunto. E ainda mais com a melhor amiga de Nic, que podia contar tudo pra ela.

— Eu? Hahaha, por que você acha isso?

— Eu vejo como você olha para ela, como se esforça para estar sempre perto dela, como tenta agradá-la. E, bem, ela me contou de algumas coisas que aconteceram.

— Que coisas??

— Ah, coisas. Você sabe. Ela sabe que você gosta dela, Max. Mas ela não quer nada com você. Ela me disse isso.

Eu devo ter ficado muito vermelho.

— Pois vocês duas estão loucas. Eu gosto de Nicole assim como gosto de você, como amiga.

Ela olhou séria para mim, e eu me virei, envergonhado, e fiquei olhando para a poltrona da frente. Não falei mais nada durante a viagem, e quando o ônibus chegou fui um dos primeiros a descer e me enfiar no carro da minha mãe, que me aguardava.

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