PARTE II - Capítulo 9: A Declaração

— E aí, Max? Tudo bem contigo?

Babi me abraçou, colocando os livros em cima da mesa.

— Tudo sim, e você?

— Ótima, fiz uma prova fácil agora!

— Que bom. Parabéns!

— Obrigada!

— Quer sorvete de quê? Pode deixar que vou pegar pra nós.

— Ah, napolitano.

— Tá.

Fui no quiosque, pedi um napolitano e um de chocolate pra mim. Quando entreguei o sorvete a ela, eu estava tremendo. Mas acho que ela não percebeu.

Ela puxou assunto:

— Que pena que não vai ter RPG nesse domingo, hein?

— Pois é...

Eu não conseguia raciocinar muito bem, estava muito nervoso e me concentrando em não deixar o sorvete derreter em cima de mim.

Alguns minutos monossilábicos depois, ambos concluímos nossos sorvetes. Tinha que ser agora. Se eu não falasse, não falaria mais.

— Babi, eu queria conversar com você.

— Tudo bem. Conversemos então.

— Vou falar e você só ouve e quando eu acabar você fala algo, tá?

— Tá.

— Então, eu sempre procurei uma garota que tivesse gostos que combinassem com os meus. E quando te conheci, nem me dei conta disso, pois eu não estava exatamente à procura de alguém naquele momento. Mas na calourada alguma coisa mudou. Só percebi depois, mas naquele dia eu te vi como uma garota realmente interessante. Então, eu... é... tou dando voltas, mas o que quero dizer é que estou ap... eu gosto de você. E queria saber o que você sente.

Passamos uns dois minutos em silêncio, nos quais ela não tirou os olhos dos meus. Eu não sabia o que ela estava pensando, mas um turbilhão de possibilidades passou novamente pela minha cabeça.

— Eu... já disse o que tinha que dizer.

— Ok. É que... eu não esperava.

— Se você quiser me dizer algo outro dia, tudo bem.

— Não, eu... tenho uma resposta.

Meu coração batia recordes de batimentos por minuto. Naquele momento, eu descobri que não tinha problemas cardíacos, ou teria ido pro hospital.

— Max, você é um cara muito legal. Mas... eu sinto muito. Só te vejo como um amigo.

Não!! De novo não!!! Por que??? Eu mereço realmente passar por isso?

Naquele instante, eu ainda não sei como, agi racionalmente e a respondi com naturalidade, sem deixá-la perceber o impacto que a resposta tivera em mim.

— Tudo bem, Babi. Não podemos escolher essas coisas, não é?

— Sinto muito, Max.

— Sem problemas.

Ficamos mais alguns minutos em silêncio, cada um com seus pensamentos. Eu então vi que precisava sair dali, e ir para casa me confortar no travesseiro.

— Bem, eu vou nessa. No outro domingo a gente se vê. Até mais!

— Tchau, Max.

E saí sem abraçá-la, apressado para pegar o ônibus e chegar logo na minha cama.

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