PARTE I - Capítulo 7: Ciúmes

Foi então que surgiram meus primeiros aborrecimentos sobre Nicole. Já fazia quase quinze dias da festa que marcou a minha vida quando comecei a sentir ciúmes dela.

Começou antes mesmo da primeira aula. Algo nela estava diferente. O perfume era o mesmo, a beleza era a mesma, a boca era a mesma, mas ela não era. Acenou para mim e logo notei que algo prendia sua atenção. Virei-me bruscamente à procura do que fora capaz de tirar os olhos dela de mim. E vi.

Nicole acenava para Tom. E ele, com jeito de babaca, respondia o aceno alegremente. Grrr!!! Maldito! E pensar que o considerava meu amigo. Tá, eu não considerava. Mas era um bom colega. Era. Agora é um adversário.

Mas tudo piorou mesmo ao final da terceira aula e início do intervalo. Eu me levantei, já esquecido do incidente no início do dia, disposto a chamar Nicole para comer alguma coisa comigo. Desde segunda eu criava coragem para fazer isso e hoje eu estava disposto. Fui na sua direção, mas ela apenas acenou para mim e saiu para o outro lado.

Tom estava na porta. Ouvi a conversa:

— Oi, Tom, você vai lanchar?

— Ah, claro, quer ir comigo?

— Vamos!

Foi um completo choque para mim. O que tinha acontecido? Teria eu cochilado enquanto maquinações se desenrolavam contra mim? Eu simplesmente não entendia. Até ontem ela mal falava com Tom. Hoje foram lanchar juntos. Juntos!!!

Sentei em minha carteira e passei o resto do intervalo assim. Pensando no acontecido. Estaria ela gostando de Tom? Espero que não. Mas ele gostava dela. Eu tinha certeza. Por quais outros motivos haveria de sorrir tão contente para ela? Por que razão a convidaria para lanchar?

No fim do intervalo Tom voltou com Mike e pouco depois Nicole chegou sozinha. No mínimo tinha ido ao WC e ele já estava aproveitando para contar alguma coisa a Mike. Porcaria!

Dois dias depois e eu não agüentava mais ficar perto de Tom. Passava agora meus intervalos sozinho, sentado na minha carteira. Eu preferia ficar só a ver Nicole dando bola para aquele sem graça! Como ela podia fazer isso comigo? Será que ela estava apenas tentando me provocar ciúmes para ver se eu tomava alguma atitude? Será que Jamie estava certo e eu estava demorando demais? Droga!

Eu estava com todas essas caraminholas na cabeça e nem percebi Isabelle se aproximando.

— O que você tem, Max?

— Ahn?! Oi, Isabelle! Quem? Eu? Eu não tenho nada não!

— Sei, esse é o terceiro dia que você passa o intervalo aqui, sentado, sozinho. Algo aconteceu e você não quer me contar!

— Não, Isabelle, não é nada disso. Eu... eu apenas...é que...a grana tá curta lá em casa, e eu tou preocupado com minha mãe. É, é isso.

Isabelle me olhou de uma maneira estranha, como se estivesse vendo dentro de mim.

— Tudo bem. Se você não quer contar, é um direito seu.

Com essas palavras ela saiu da sala. Ela estava mais do que certa. Eu escondia algo. Meu amor por Nicole. Espere! Eu disse amor? Sim, eu acho que é amor. Ah, pobre Isabelle. Eu nem sabia o que era amor. E pensar que eu achava que amava Isabelle. Tudo que senti por ela parece um "fica" perto do que sinto por Nicole. Eu rodaria o mundo por ela.

Na segunda seguinte vieram os formulários de inscrição para as Competições Internas Poliesportivas. Inscrevi-me em damas, xadrez e nos tais quebra-cabeças lógicos. Eu estava curioso para saber do que se tratava. Aproveitei o alvoroço para conversar com Nicole, com a desculpa de saber em que esportes ela iria se inscrever.

— Vai competir em alguma coisa?

— Claro, Max! Adoro esportes!

Bem, nem tudo temos em comum.

— Estou me inscrevendo em vôlei, basquete, futebol, natação e, claro, handebol, meu esporte predileto.

— Nossa, vai dar tempo para tudo isso?

— Claro! Só não me inscrevi no caratê porque alguns horários possíveis das lutas coincidem com os das provas de natação. E nado melhor do que luto.

Ela estava visivelmente empolgada com a competição. E eu ansioso para assistir a tudo isso. Nossa, ela ia nadar!!! De maiô?!!! Caramba!!! Essa eu não poderia perder de maneira alguma! E claro, todos os outros esportes seriam interessantes também! Afinal, shorts curtos e etc.! Fora a desculpa de vir ao colégio fora do horário de aula, ou seja, não necessariamente de farda!

— E você, Max? Vi você entregando fichas de inscrição. Vai competir em quê?

— Ah, não sou muito bom em atividades físicas, me inscrevi só nas mentais.

— Ah...

Ela me pareceu desapontada. Isso foi terrível para mim. Afundei-me na cadeira, apenas acompanhando-a com os olhos, enquanto me lamentava não jogar bem nenhum esporte. Afinal, se ela gostava, eu tinha que saber, não tinha? Será que ela iria lá, torcer por mim?

Não tive como evitar Tom. Ele veio diretamente a mim:

— E aí, Max? Vai só nas mentais como sempre?

— É.

— Eu estou em todas esse ano. Quer dizer, todas que consegui encaixar. Futebol, vôlei, handebol, basquete, judô e damas.

— Puxa.

Eu fazia o possível para não mostrar ar de animação. Chegou a vez de Tom entregar as fichas e ele se afastou.

No final do dia letivo, Isabelle veio ao meu lado na saída.

— Oi, Max.

Ela estava sorridente para mim. Procurei mostrar um ar contente.

— Oi.

— Deixe-me adivinhar... você se inscreveu em xadrez, damas e nos quebra-cabeças?

— Isso, como sabe?

— Você não gosta de esportes, imaginei que se inscreveria nesses.

— Ah, sim.

— Eu me inscrevi em vôlei e nos quebra-cabeças também.

— Legal.

— Como serão esses quebra-cabeças? Estou bastante curiosa.

— Bem, dentro de alguns dias saberemos.

Então vi o carro da minha mãe no portão e fui me dirigindo a ele. Mas não pude deixar de olhar para Nicole atravessando a rua, conversando com Tom!!! Maldito!!! Miserável!!

Eu tinha que ser mais agressivo! Era isso! Decididamente estava na hora de me preparar para ser mais direto. Preciso falar com ela, de algum jeito!

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